PROGRAMA DE REDES INOVADORAS DE TECNOLOGIAS ESTRATÉGICAS DO RS (RITEs)
Agência financiadora: Fundação de Amparo a Pesquisa do RS
Valor da proposta: R$2.250.000
Resumo da proposta:
Atualmente, anticorpos monoclonais isolados diretamente de humanos revolucionaram a oncologia, representando uma mudança de paradigma na indústria farmacêutica, antes focada em pequenas moléculas. Contudo, para infecções virais, apenas um monoclonal, o palivizumabe para Vírus Sincicial Respiratório (RSV), é comumente utilizado; até recentemente, acreditava-se que sua ação era principalmente profilática, o que poderia ser também oferecido por vacinas, com custo mais barato. Hoje sabemos que indivíduos que resolvem infecções virais desenvolvem anticorpos fortemente neutralizantes e, portanto, protetores. Eles podem ser isolados a partir do sangue desses doadores, e ser produzidos comercialmente. Sua potência pode diminuir as quantidades efetivas necessárias, reduzindo custos. É possível engenheirar anticorpos por biologia molecular, tornando-os mais eficazes. A modelagem in silico da interação destes com seus alvos específicos pode orientar seu aperfeiçoamento via mutações sítio-dirigidas. Esse é o processo que trouxe a imunoterapia para o tratamento de Ebola, Zika e HIV, em que diferentes monoclonais estão em testes clínicos ou já aprovados (Walker and Burton, 2018; Cohen, 2020). Com a pandemia, monoclonais neutralizantes para o SARS-CoV-2 foram desenvolvidos por diferentes companhias - Regeneron (Casirivimab/imdevimab) e Lilly (Bamlanivimab/etesevimab), e aprovados pela FDA, sendo utilizados hoje como “standard of care” para pacientes diagnosticados com COVID-19, com eficácia comprovada para evitar hospitalização. No Brasil, e especialmente no estado do Rio Grande do Sul, há escassez de grupos e instituições de pesquisa que foquem nesta importante área terapêutica. Na UFCSPA, foi estabelecido o laboratório de Imunoterapia em 2018, focado no desenvolvimento de anticorpos monoclonais humanos para uso oncológico, reunindo um grupo interdisciplinar de cientistas, cujas especialidades (imunologia, oncologia, biologia molecular, biologia celular, bioinformática, biologia estrutural, virologia,
nanotecnologia) desenvolve de projetos de imunoterapia. Juntamente com o Centro de Oncologia, a Infectologia e o Centro de Transplantes da Santa Casa, temos projetos aprovados e implementados junto ao Ministério da Saúde (via PRONON e PROADI), Capes (Edital Fármacos e Imunologia), CNPq (Doutorado em Áreas Estratégicas) e em análise pela empresa Bristol Myers Squibb.
Acreditamos que nossa instituição e a rede regional, nacional e internacional por nós coordenada está comprometida e especialmente colocada para receber o apoio da FAPERGS para consolidar e aperfeiçoar a estrutura necessária para
projetos de imunoterapia. Esse apoio nos permitirá formar recursos humanos altamente treinados em nosso estado, avançando no conhecimento científico e tecnológico nessa importante e nova área com intenso impacto econômico.
Assim, estruturamos nossa proposta em dois blocos focados em P&D para drogas imunoterápicas: anticorpos monoclonais e ADCs (anticorpos conjugados a pequenas moléculas).
Desenvolvimento de imunoterápicos oncológicos seus testes preditivos de resposta para o SUS
PROGRAMA NACIONAL DE APOIO À ATENÇÃO ONCOLÓGICA (PRONON)
Agência: Ministério da Saúde
Valor da proposta: R$5.464.856,78
Resumo da proposta: Este é um projeto de pesquisa interinstitucional focado em inovação na área de biotecnologia da saúde. O câncer constitui a segunda principal causa de mortalidade e morbidade no Brasil. Enquanto os custos diretos com tratamento oncológico aproximam-se de 4 bilhões de reais anuais (segundo o INCA, 2018), custos indiretos podem alcançar quatro vezes esse valor. São urgentemente necessárias alternativas inovadoras que levem, principalmente, à diminuição da incidência de câncer, e a um aumento da qualidade de vida dos pacientes já afetados. Atualmente, a terapia oncológica passa por uma revolução: o uso de anticorpos monoclonais desbloqueadores da resposta imune tem respostas inéditas e históricas que vão em média de 20 a 40%, podendo alcançar mais de 50% quando drogas imunoterápicas são conjugadas, em pacientes de diversos tipos de tumor, incluindo cânceres metastáticos. Esses medicamentos, que deram o Prêmio Nobel em 2018 para Jim Allison e Tetsuo Honjo, não estão hoje disponíveis pelo SUS, devido principalmente ao seu alto custo. Um tratamento custa centenas de milhares de reais, constituindo um mercado mundial que movimenta cerca de 90 bilhões de dólares ao ano. O presente projeto pretende desenvolver para o SUS essa forma de tratamento oncológico, produzindo alternativas nacionais para esses anticorpos monoclonais, bem como os testes de precisão necessários para a otimização de seu uso.
Em uma parceria entre o corpo clínico da Santa Casa de Porto Alegre e pesquisadores da UFCSPA reconhecidos internacionalmente, criaremos uma estrutura de P&D especializada em fornecer alternativas nacionais de produtos para imunoterapia oncológica, que sejam competitivas para seguir o fluxo regulatório, até alcançar o mercado.
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